Encarte do primeiro trabalho da banda "Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”, de 1969.
Hoje vou falar de uma banda que a
meu ver introduziu o heavy metal no mundo da (boa) música um pouco antes do
Black Sabbath e que não teve seu devido reconhecimento talvez até por preconceito,
afinal os caras usavam de temas ocultos e satânicos em suas músicas numa época em que se pregava a paz e
o amor na América.
Criada em Chicago, nos final dos
anos 60, a formação do Coven contava com
a loiríssimaJinx Dawson nos vocais, Chris Neilsen na
guitarra, Rick Durrett no teclado, (mais tarde substituído por John Hobbs), o
batera Steve Ross e no baixo Oz Osborne, (que apesar da semelhança não tem
nenhum tipo de parentesco com nosso amigo Ozzy Osbourne). Os integrantes da
banda estudavam sobre ocultismo e estavam sempre envoltos a assuntos ligados ao
“coisa-ruim”, além de tudo se diziam satanistas praticantes.
Pra quem não sabe, a origem do “Sinal dos
Chifres” ou “Sign of the Horns”, popularizada pelo mestre Ronnie James Dio,
veio desta banda, como se pode conferir no encarte de seu primeiro disco “Witchcraft Destroys Minds & Reaps
Souls”, de 1969. Inclusive Dawson sempre iniciava e terminava seus shows
fazendo esse sinal, isso já em 1968, época em que abriam para diversos nomes
como os Yardbirds, Vannila Fudge e mais tarde Alice Cooper.
Mas vamos ao que realmente
interessa, ou seja, as músicas.
Witchcraft
Destroys Minds & Reaps Souls (1969) - Álbum de estreia da banda e traz além de suas letras
de adoração ao capeta um instrumental
incrível e uma belíssima interpretação de Jinx Dawson, que em certos momentos
se assemelha ao vocal de Grace Slick (Jefferson Airplane). Os destaques do
disco debut dos caras ficam com Black
Sabbath (mais uma vez se trata apenas de uma coincidência), que traz
viradas interessantíssimas da batera e bela combinação de guitarra e teclado, White Witch of Rose
Hall,
For Unlawful Carnal Knowledge (o instrumental psicodélico da época em
contrapartida à letra tétrica traz uma combinação bastante interessante), Wicked Woman (excelente baixo e vocal) e Dignitaries of Hell com uma
guitarra que merece certa atenção.
Coven
(1972) –Temos
nesse trabalho homônimo o baixo como grande destaque, o que podemos perceber
com mais intensidade nas faixas Shooting
Star, Natural Love, What Can I Get Out of You e Dark Day in Chitown. O segundo álbum da banda também traz o
guitarrista Chris Neilsen fazendo o vocal em diversas canções.
Com letras mais “tranquilas” e uma
regravação de One Tin Soldier do grupo Original Castle, a banda alcançou boas
posições na Billboard com esse segundo
disco que apresenta um estilo mais hard rock e remete a bandas como Free e
Nazareth nas faixas Lonely Lovere Washroom Wonder.
Destaco ainda a bela Nightingale
e a pesadinha Nobody´s Leavin´Here
Tonight.
Blood on the Snow (1974) - O hard rock prevalece no terceiro trabalho da banda, especialmente nas
faixas Don´t Call Me, Hide in Your Daughters e Blood on the Snowe traz uma interpretação mais vibrante e potente de
Dawson, que em Easy Evil
lembra bastante os vocais de Ann Wilson (Heart).
As “mais calmas” This
Song Is For All You Children (riffs simples porém cheio de encanto), Blue,
Blue Ships e I Need a Hundred of You (que me lembrou muito Fleetwood
Mac) também merecem ser ouvidas com louvor.
Metal Goth Queen-Out of the Vault(2008) -
O último e mais recente trabalho da
banda traz o regresso do tema satanista em algumas canções e participações de
músicos consagrados como Michael Monarch (Steppenwolf), Glenn Cornick (Jethro
Tull) e Tommy Bolin (Deep Purple).
As músicas que destaco deste trabalho são Got Queen Greeting, que traz pela
primeira vez na banda a presença de elementos eletrônicos, a gostosa balada Midnigh Man numa jogada hard rock em que
mais uma vez a lembrança do Heart se faz notar e Out of
the Rain, a mais pesada do álbum que ainda traz Tender is the Night, Hot On your Heels, Livewire e a polêmica Night People que é provavelmente o som
que mais fugiu do estilo dos caras, caindo num pop levemente eletrônico e sem
nexo, se comparado com o restante do trabalho desenvolvido pela banda.
O que se pode
perceber através da curta discografia do grupo é que eles começaram fazendo um
heavy metal cru e pesado, sendo aos poucos podados pela então mídia da época, o
que acabou resultando num hard rock mais leve como resultado final, sem deixar
é claro, de perder a qualidade.
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