Por Carlos H. Silva
Esta semana por mera coincidência acabei ouvindo bastante três bandas: The
Rolling Stones, Aerosmith e Guns n’ Roses.
Comecei a pensar que podemos traçar um paralelo entre
elas, principalmente pelas figuras icônicas das famosas “duplas
vocalista-guitarrista”. Todas são (ou já foram em suas fases áureas) quintetos em que o vocalista e o guitarrista solo se destacam mais do que o restante. Em uma banda grande, normalmente um membro chama mais a
atenção do que os demais, em outros casos todos têm o mesmo interesse do
público ou da mídia. Mas nesses casos específicos, os vocalistas e os
guitarristas principais sempre obtiveram as maiores glórias. Sejam elas
monetárias, de fama, prestígio ou groupies. Enfim.
Todos os vocalistas, Mick Jagger, Steven Tyler e Axl Rose,
possuem presença de palco e performances únicas. Mick e sua energia, seus
sorrisos, sua preocupação em soar mais vigoroso do que afinado, seus trejeitos
afeminados, seus rebolados, seu olhar direto com o público.
Steven com suas
características de segurar o pedestal do microfone com as duas mãos, seus
intermináveis lenços, roupas agarradas, colares, pulseiras, brincos, óculos,
chapéu, a maneira como toma o centro do palco e dali praticamente conversa com
o público através das canções.
Axl Rose é o terceiro, com seus shorts de lycra,
seus rodopios, sua perna direita batendo pelo chão enquanto “anda pra trás”,
seu braço estendido para trás enquanto o outro segura o microfone e com os
olhos fechados cantando, o modo como joga o microfone de uma mão pra outra. A
única coisa que Axl mudou de 1992 para 2013 são suas roupas. Hoje o vocalista
está mais para o time de Steven Tyler: bastante roupa, lenço, chapéus, óculos.
Mas a velha bandana está lá. De Mick, Axl hoje em dia está naquela pegada de
“mais atitude e menos afinação”. Pula durante notas altas, que saem todas
“trêmulas”, mas é Axl Rose. Isso que importa.
Com os guitarristas não são diferentes. Keith Richards
e sua bandana, sua guitarra de cinco cordas lá embaixo. Quando está tocando
foca no seu braço esquerdo, e quando está solando vai para a frente e olha para
o público.
Joe Perry é uma espécie de irmão gêmeo de Steven Tyler. Os mesmos
panos, roupas, lenços, brincos, colares, a mesma postura de palco. Seu jeitão
de solar com os cabelos cobrindo o rosto também é característica do terceiro,
Slash.
Slash talvez criou um personagem. Os óculos e o chapéu fazem parte da
imagem que as pessoas tem “do Slash”. Assim como o seu jeito de tocar sempre
olhando pra baixo, para a sua guitarra.
Cheguei também à conclusão de que, quando pensamos no
tamanho que a banda atingiu e pelo fato de ter em sua composição uma dupla que
tem também características únicas neste sentido, o Led Zeppelin pode ser
incluído neste quadro (apesar de nunca ter sido um quinteto e John Bonham seja tão famoso quanto a dupla principal), pois Robert Plant e Jimmy Page também são dessas figuras
marcantes e únicas que formaram uma das maiores duplas do rock em todos os
tempos, além de também possuírem uma presença de palco única.
As relações de amor e ódio entre esses caras, abusos com
drogas, clássicos compostos em parceria, tudo isso moveu essas quatro bandas a
definirem gerações. Os Stones surgiram no início dos anos 60 misturando o blues
com o rock ‘n’ roll. O Led Zeppelin veio alguns anos depois, pegando o mesmo
blues e o mesmo rock ‘n’ roll, acrescentando certo peso e mudando os rumos do
hard rock. O Aerosmith chegou já no início dos anos 70 com um hard rock
estabelecido e um som energizante e empolgante. O Guns ‘n’ Roses chegou no meio
dos anos 80, acrescentando mais peso àquele hard rock visceral do Aerosmith e
cruzando a barreira com o heavy metal em seu primeiro álbum. Todas bandas de
arena, de massa, de grande público. Facilmente consegui seguir esta linha
cronológica entre os Stones no início dos anos 60 e o GnR no meio dos anos 80.
É lógico que combos vocalista-guitarrista que dão o tom
em suas bandas de rock, hard rock ou heavy metal e se destacam mais que os
demais membros formam uma lista enorme e infindável... Ozzy & Iommi, Lee Roth & Van Halen, Anselmo & Dimebag, Bono
& The Edge, Brian Johnson & Angus Young, Mercury & May, Liam &
Noel Gallagher, etc, etc, etc… mas focando na evolução do rock and roll para o hard rock e o heavy metal, com uma simples linha do tempo que começa
nos Stones, passa por Led e Aerosmith e culmina no Guns n’ Roses, nós podemos
fazer uma pergunta:
Por que desde 1995, quando Slash saiu do Guns n’ Roses,
nenhuma outra dupla surgiu para seguir esses passos? Principalmente quando
falamos em hard rock ou heavy metal, para seguirmos uma linhagem evolutiva de
influências.
Stones, Aerosmith e Guns n' Roses ainda estão na ativa. As duas primeiras, apesar de tudo, ainda mantem suas duplas, enquanto Axl Rose parece precisar de mais um tempo para voltar a tocar junto de Slash, que toca sua boa carreira solo.
Enquanto não surge uma nova banda de arena com um vocalista e guitarrista geniais que se amam e se odeiam e juntos escrevem clássicos do rock, podemos ler histórias fantásticas dessas figuras todas que nos últimos anos lançaram ótimas biografias e de boa leitura garantida.
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