Por Rose Gomes
Experimento. Essa é a palavra que
melhor define o trabalho de 1974 do ex-tecladista do Doors, Ray Manzarek.
Em "The Golden Scarab" o músico brinca sem medo com elementos que vão do samba ao
jazz, passando pelo som progressivo e pelo psicodélico do final dos anos 60,
comecinho dos 70.
Para os apreciadores do bom
instrumental é um verdadeiro prato cheio. Os solos longos e a utilização de
muita percussão e instrumentos pouco convencionais como a kalimba (de origem africana), o bongô, a conga,
o cowbell (aqueles sinos para chamar os
animais) e o vibrafone, executam muito bem a função de nos transportar para o mundo maluco e cheio
de psicodelia de Manzarek, nos fazendo
entender a verdadeira viagem que é este
disco.
O trabalho conta com a
colaboração de grandes nomes da música, como o experiente Joe Walsh (James Gang, Eagles), o grande guitarrista de jazz Larry Carlton, o baixista Jerry Scheff que tocou com Elvis no começo dos 70 e com o Doors
já sem Jim Morrison e a cantora Patti
Smith que faz um belo vocal na canção I Wake
Up Screaming.
Logo na primeira faixa, He Can´t Come Today o tecladista usa o samba na introdução, o que de certa
forma até assusta na primeira audição, mas logo a guitarra e o baixo assumem o
controle e deixam a divertida mistura bastante interessante.
Solar Boat vem em seguida remetendo à banda origem de Manzarek, o Doors de Jim Morrison que costumava misturar trechos de poemas do vocalista ao instrumental psicodélico da época.
Entre as músicas de maior destaque estão Golden Scarab, a faixa-título, que
mostra o exímio e detalhado trabalho de percussão feito na canção, The Purpose of Existence Is ? que traz a pegada do jazz com forte presença
do baixo, a viagem de Moorish idol carregada de elementos do progressivo, e a
experimental Whirling Dervish, contendo um belo jogo de saxofones e combinação impecável entre baixo e piano. Essa
duas sem dúvida são as melhores do álbum.
Bicentennial Blues (Love It or Leave It) fecha o disco com direito a um pequeno snippet de Ligh My Fire, para os mais saudosos
de Doors e encerra a louca viagem
experimental pelo mundo do percepções psicodélicas e progressivas de Ray Manzarek.
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