>>> A primeira impressão é a que fica
Lançado
pela I.R.S. em 1983, Murmur é o álbum
de estréia do R.E.M., um dos maiores nomes do chamado Rock Alternativo, ou
College Rock, americano.
A banda foi formada em 1980 em Athens, na Georgia (USA) pelos quatro membros originais: Michael Stipe (vocal), Peter Buck (Guitarra), Mike Mills (baixo) e Bill Berry (bateria).
Em 1981 chegaram a lançar um single para a canção "Radio Free Europe".
No ano
seguinte foi lançado o EP Chronic
Town, com cinco canções (nenhuma delas presente no debut), mas foi Murmur que mostrou o R.E.M. para o mundo
e, principalmente, começou a evidenciar características particulares de cada
membro do grupo: as letras profundas e introspectivas do vocalista Michael
Stipe, a guitarra brilhante e faiscante de Peter Buck, o som gordo do baixo de Mike Mills
– além de seus clássicos vocais de apoio e a pegada simples e forte de Bill Berry.
Na crítica,
o disco estourou: foi eleito o álbum do ano de 1983 pela Rolling Stone, batendo
nomes como Thriller de Michael
Jackson, War, do U2 e Synchronicity, do The Police.
“Murmur é o disco que o R.E.M.
mostrou seu potencial: um álbum inteligente, enigmático, extremamente
envolvente e revela uma profundidade que o primeiro EP apenas sugeriu que
existisse”,
escreveu Steve Pond, crítico da Rolling Stone.
As
gravações do álbum começaram em dezembro de 1982 com o produtor Stephen Hague,
mas a pegação de pé deste com a parte técnica do instrumental da banda acabou
gerando um conflito, principalmente após ter pedido para o baterista Bill Berry regravar
diversas vezes a bateria da faixa “Catapult”,
além de ter, por conta própria, inserido teclados na canção sem consultar a
banda.
Insatisfeitos,
os caras do R.E.M. pediram à gravadora para trazer de volta o produtor do
primeiro EP, Mitch Easter. A gravadora aceitou o pedido com uma condição:
gravariam uma canção e se ficasse boa, poderiam continuar o restante do álbum
com Easter e seu parceiro Don Dixon.
Como já
tocavam as canções ao vivo, a banda entrou “redonda” no estúdio com Easter e
Dixon e se recusavam em usar os clichês do rock da época: sintetizadores e grandiosos
solos de guitarra, bem como Bill Berry também se negava a tocar qualquer coisa
que fosse muito fora do compasso comum de uma banda de rock tradicional.
Musicalmente,
o disco é considerado como um dos primeiros da chamada first wave o alternative rock (primeira onda – no sentido de
geração – do rock alternativo [americano]). Os riffs tinham timbres, um brilho
e estilo que lembravam a surf music, como “Talk
About the Passion”, mas também tinha uma forte influência folk como “Shaking Through”; o som característico
de um baixo Rickenbacker flutua por todo o disco, como em “Pilgrimage”, “9-9” e “West
of the Fields”.
Michael
Stipe já era um caso à parte, pois além das já citadas letras obscuras, seu
estilo de cantar também faz de Murmur
um álbum especial. Seu canto distante e misterioso faz com que soe como uma
verdadeira interpretação de suas letras, algo que raros vocalistas possuem: o
dom de interpretação não só ao vivo, mas em estúdio quando estamos ouvindo o
álbum também.
A balada “Perfect Circle” é um dos destaques do
disco, junto com as empolgantes “Laughing”
e “Sitting Still”. Os dois
singles do álbum, “Radio Free Europe”
e “Talk About the Passion” também são
incríveis e lembradas pelos fãs até hoje.
Em 1983, o
R.E.M. era único e foi graças ao “Murmur”
que toda geração seguinte do rock alternativo americano trata a banda como
grande líder-mentora de seu movimento. Alguns anos depois, a banda chegou ao
mainstream com Document (1987),
atingiu o ápice com hits como “Losing my
Religion” (1991) e “Everybody Hurts”
(1992) e manteve-se sempre original, sem esquecer suas próprias
características, e encerraram a carreira dignamente com o álbum Collapse Into Now (2011).
Peter Buck, Michael Stipe, Bill Berry e Mike Mills: líderes do college rock (ou rock alternativo) norte-americano, em 1983 |
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