Por Carlos H. Silva
--->>> Versus (X)
Para saber mais sobre a seção Versus, leia a definição aqui.
No canto direito do corner... Ready An’ Willing (1980)
Após o
término do Deep Purple, David Coverdale não perdeu tempo e montou o Whitesnake,
ainda trouxe consigo o tecladista Jon Lord e mais tarde o baterista Ian Paice,
e com um line-up de primeira que, além dos três, ainda contava com Neil Murray
no baixo, Mick Moody e Bernie Marsden nas guitarras, lançou o excelente Ready An’ Willing, produzido pelo
lendário Martin Birch (Deep Purple, Iron Maiden).
A “fase
Coverdale” do Deep Purple sempre foi marcada pela grande acentuação do som funk
e soul, influência clara que o vocalista e, principalmente, Gleen Hughes levaram
à banda, e nessa primeira era do Whitesnake, isso continuou.
Carry Your Load, com uma performance vocal incrível,
ou Love Man, emanam essa mistura de
soul, funk, blues e rock ‘n’ roll, que é basicamente a definição do som do
Whitesnake nesse período.
O lado
baladeiro, sempre marca registrada de David, conta com Blindman, uma de suas mais belas composições.
A sacana
faixa-título é uma das melhores lançadas aqui, bem como a rocker Sweet Talker.
Line-up da fase Ready An' Willing, com Ian Paice (de boina) e Jon Lord (óculos e barba), ex-companheiros de Deep Purple |
Um dos
maiores hits do Whitesnake é Fool For
Your Loving, que abre o disco e se tornou um sucesso maior ainda anos
depois, quando foi regravada pela própria banda em uma versão mais
americanizada. Mas aí já estamos nos adiantando para o outro lado do corner...
X
Em 1984, o
disco Slide It In tornou-se a virada
na carreira do Whitesnake. Com aquele lançamento a banda produziu um grande hit
comercial, Love Ain’t no Stranger, e
virou de fato uma das maiores bandas do mundo - inclusive veio para o Rock in Rio de 1985.
O processo
de mudança no som (e de todo o resto: visual, marketing, etc) da banda começou aí, principalmente com o fato de o álbum ter
sido todo regravado para uma versão americana com a troca de alguns músicos.
Então, até hoje existem duas versões de Slide
It In, uma mais próxima dos primeiros álbuns da banda, e outra com uma
inclinação maior ao hard rock praticado nos Estados Unidos.
O auge
dessa era foi com Whitesnake, ou
como é mais conhecido, 1987, lançado
em... adivinha quando.
Produzido por Mike Stone e Keith Olsen, Coverdale, ao lado do
guitarrista John Sykes como parceiro de composição, e de músicos como Neil
Murray (baixo) e Aynsley Dunbar (bateria) na formação da banda, pôs no mercado um clássico absoluto do heavy metal/hard rock e canções como a zeppeliana Still of the Night, as rápidas e
melódicas Give me All Your Love e Bad Boys, além, é claro, da baladaça Is This Love.
Nesse álbum
a banda ainda regravou duas faixas da fase hard n’ blues do começo: Crying in the Rain e Here I Go Again, que ganhou até
videoclipe, ambas em versões mais comerciais – que não significa ruim, já que a
visão de comercial naquela época era simplesmente o hard rock e heavy metal
americanos. Destaque também para a empolgante Children of the Night.
Na turnê de Slip of the Tongue (1989), já sem John Sykes e com Steve Vai na formação; fase americanizada, tanto no som quanto no visual |
Até hoje, 1987 é a espinha dorsal dos set lists
da banda com cinco ou seis canções executadas ao vivo.
Qual é melhor?
Fica a critério de cada fã ou admirador do grupo. O importante é notar que nas
duas fases o Whitesnake lançou discos essenciais na discografia dos fãs de hard
rock.
E melhor de
tudo: para aqueles que não conseguem definir de qual fase gostam mais (caso
deste redator, como vocês já devem ter percebido), a banda deu uma puta ajuda.
Desde o seu retorno em estúdio, com o ótimo Good to be Bad (2008) até o grande Forevermore (2011), souberam exatamente como mixar as duas
eras. Nesses dois álbuns você encontra a mistura do blues e soul dos primeiros
álbuns, com os refrãos melódicos e radiofônicos da segunda era da banda, tudo
com o típico som hard rock comandado por Coverdale, que desta vez conta com um
ótimo parceiro de composição, Doug Aldrich (ex-Dio).
A banda
atualmente encontra-se em turnê com os colegas de geração Journey e Thunder, e
recentemente anunciaram uma notícia boa para os fãs: apesar de terem perdido o
talentoso baterista Brian Tichy, o substituiram a altura com a volta do
monstruoso Tommy Aldridge, que já passou pelo Whitesnake em outras duas
oportunidades.
Veja abaixo as duas versões de Fool For Your Loving e perceba a diferença de sonoridade das duas fases em uma mesma canção:
Versão do Ready An' Willing (1980)
Versão do Slip of the Tongue (1989)
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