Por Rose Gomes
O
ano era 1969 e quatro jovens músicos experientes se viam insatisfeitos com seus
trabalhos anteriores em bandas bem sucedidas. Assim nascia o grupo britânico
Blind Faith. Eric
Clapton e Ginger Baker vinham do Cream, respeitável power-trio que aos poucos
foi “desmoronando” em razão da incompatibilidade entre seus integrantes,
enquanto que o mesmo acontecia ao vocalista Steve Winwood, que devido a
problemas de relacionamento com o The Spencer Davis Group decidiu investir em
um novo projeto, a banda Traffic, que em pouco tempo também se desfez. Meses
depois o músico Ric Grech deixava a banda Family e aceitava o convite para se
tornar o baixista do grupo e concluía assim a formação da riquíssima banda
Blind Faith, que estreou ao mundo durante um concerto gratuito no Hyde Park de
Londres, em junho de 1969, onde tocaram para cerca de 100.000 pessoas.
O
álbum autointitulado lançado em agosto de 1969 trazia uma capa polêmica para a sociedade
conservadora da época. O trabalho do fotógrafo norte -americano Bob Seidemann apresentava
uma garota pré-adolescente de 11 anos fazendo topless e segurando um avião
prateado com um formato fálico. Nos EUA o disco foi lançado com uma capa
alternativa que trazia os integrantes da banda e por aqui a capa original
chegou a ser lançada, mas apenas numa reedição, no início dos anos 80. Este,
foi o primeiro e único disco do grupo que apesar de ter sido gravado, digamos
assim “nas coxas”, foi muito bem visto pela crítica.
O
álbum traz uma integração entre os músicos que não poderia ser melhor. Clapton
com sua guitarra cristalina dá o tom certeiro às faixas enquanto Baker brinca
sem limites na bateria. Grech leva o baixo de maneira precisa e Winwood além de
compor a maior parte das músicas executa belamente o piano e com sua voz
sofrida e intensa enche de emoção suas interpretações.
As
faixas Had to Cry Today, Sea of Joy, Well
All Right e Resence of the Lord
(esta última com um belíssimo solo de guitarra) são os grandes destaques do
álbum juntamente com Sleeping in The
Ground, onde Clapton mais uma vez mostra que sabe fazer um bom blues.
*
Uma versão de luxo do álbum de 69 foi
lançada em 2001 incluindo 9 faixas inéditas entre longas e improvisadas jams de
estúdio e versões não lançadas no álbum original de 1969, tornando a obra ainda
mais rica e completa.
Poucos
meses depois a banda se desfez e cada músico tomou seu caminho. Winwood e
Clapton já tocaram juntos diversas vezes desde então, Baker seguiu com inúmeros
projetos musicais e Grech infelizmente faleceu no início dos anos 90 devido a
problemas de alcoolismo.
O
Blind Faith foi uma das bandas mais promissoras da época e tinha tudo para
trilhar um longo caminho de sucesso, o que infelizmente não aconteceu. E ao contrário
do que muitos pensam os músicos remanescentes não se estranharam, muito pelo
contrário, andaram se encontrando há cerca de dois anos quando fizeram uma turnê no Japão entre novembro e
dezembro. Fica aí uma pontinha de esperança para que os caras sintam vontade de
retomar um projeto tão precioso como foi o Blind Faith.
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