Ontem, 20 de setembro, completou-se um ano do show do Bon Jovi
no Rock in Rio 3, e também, de uma maneira geral, um ano de sua última passagem
pelo Brasil e América do Sul.
A banda, que desperta amor e ódio em proporções iguais por
aí, está parada desde o último show da turnê de seu mais recente
álbum, What About Now, no final de 2013.
Até o momento não temos informação sobre previsão de entrada
em estúdio para um próximo trabalho e também não foi noticiado nada sobre uma
reconciliação do guitarrista Richie Sambora com o vocalista Jon Bon Jovi – o guitarrista
está afastado da banda desde o início do ano passado por razões nunca devidamente esclarecidas.
Enquanto isso, preparamos um pequeno guia para você passear
pela discografia de Jon Bon Jovi (vocal), Richie Sambora (guitarra), Tico
Torres (bateria) e David Bryan (teclado), com cinco trabalhos dignos de nota – e um que deve-se evitar nela também.
Por Carlos H. Silva
Essenciais
Slippery When Wet
(1986)
Presente em qualquer lista de melhores discos de hard rock dos
anos 80, Slippery When Wet é uma
chuva de hits, tudo muito bem produzido por Bruce Fairbain. Se você pensar
rapidamente em cinco grandes clássicos do Bon Jovi, ao menos três deles estão
aqui: Livin’ on a Prayer, com seu
indefectível refrão, You Give Love a Bad
Name, com seus solos e riffs inspirados e a cowboy Wanted Dead or Alive, onde a dobradinha Jon & Richie Sambora
mostra todo seu talento, todas ainda obrigatórias em qualquer show da banda. A
heavy Raise Your Hands também ainda
marca presença; no álbum ainda tem o espectacular AOR de I’d Die For You, o rock n’ roll de Social Disease e as pauladas Let
It Rock e Wild in the Streets.
Indispensável para os amantes do gênero.
Keep the Faith (1992)
Keep the Faith
representa o completo amadurecimento musical do hard rock praticado pela banda
na época. Sem possíveis exageros e soando mais técnico, KTF trouxe o então
quinteto (foi o último disco com o baixista Alec John Such) apostando na
diversidade, atirando para alguns lados diferentes, sem soar perdido. As duas
faixas de abertura mostram isso; I
Believe e a canção que nomeiam o álbum são diferentes de tudo que a banda
havia feito até aquele momento, uma guinada ao rock deixando o hard rock um
pouco de lado. Já I’ll Sleep When I’m
Dead, Blame It on the Love of Rock n’
Roll e Little Bit of Soul mostra
a influência do rock n’ roll clássico dos anos 70. Claro que as baladas não
poderiam ficar de fora, e aqui temos duas das melhores: Bed of Roses, que ainda leva muita gente ao choro em seus shows, e
a sensacional In These Arms, que é a
melhor interpretação vocal da carreira de Jon Bon Jovi. Ainda tem o épico Dry County, com quase 10 minutos de
duração, que mais uma vez mostra que a parceria de Jon com o guitarrista Richie
Sambora é espetacular.
Ótimos
New Jersey (1988)
O quarto trabalho do grupo pode ser considerado quase uma
continuação do que eles desenvolveram em Slippery
When Wet, como pode ser ouvido em canções como Lay Your Hands On Me, Born to
Be My Baby e nas clássicas Bad
Medicine e I’ll Be There For You;
porém, um outro lado do grupo já começava a ser notado aqui, Blood on Blood é um exemplo disso. Este
disco foi recentemente relançado em uma versão Deluxe com DVD e matérias inéditos.
Bon Jovi (1984)
O debut do Bon Jovi é um belo trabalho de AOR, um dos mais
significativos dos anos 80 e foi impulsionado pelo seu grande hit – presente nos
shows da banda até hoje – Runaway. A
melódica She Don’t Know Me também
ajudou um disco que é cheio de hard rocks fantásticos como Roulette, Breakout, Burning For Love, Come Back e a sensacional Get Ready. O álbum completou 30 anos em
janeiro de 2014 e talvez as atuais brigas entre Jon Bon Jovi e Richie Sambora
impediram uma comemoração maior, quem sabe o álbum tocado na íntegra? Talvez
nunca saberemos.
Bounce (2002)
Depois de Keep the
Faith em 1992, a cada disco foi notável a mudança de sonoridade da banda.
Enquanto These Days (1995) teve cerca
de 4 ou 5 grandes canções perdidas em um disco que de uma forma geral foi
fraco, Crush (2000) foi uma decepção
ainda maior, com a banda entrando de vez no mundo do pop rock podendo salvar 2
ou 3 faixas daquele trabalho. O próximo passo foi Bounce, que trouxe de volta um pouco do peso nas guitarras e na
qualidade das composições de uma forma geral, sem ter que destacar uma ou outra
pérola em meio a um monte de canções fracas. Undivided, Everyday, Hook Me Up, Love me Back to Life e Bounce possuem timbres que infelizmente
não ouvimos em nenhum dos discos seguintes que a banda lançou desde então. A boa
Right Side of Wrong é a melhor do “segundo
escalão” de baladas do Bon Jovi. The
Distance é uma ótima faixa e tem orquestrações interessantes. Misunderstood foi a escolhida para ser o
“hit” do disco e, no fim das contas, é a mais fraca, porém não compromete o
resultado final. Bounce merece ser
ouvido com mais atenção pelos fãs que desistiram do Bon Jovi pós-These Days.
Não deixe de perder!
What About Now (2013)
Fiz uma resenha completa do disco aqui neste blog, que você
pode ler clicando aqui. Cerca de um ano depois, minha opinião não mudou:
continuo achando este disco uma patética tentativa do Bon Jovi se transformar
no U2 – musicalmente falando. Ouço um Jon Bon Jovi criando uma ou outra melodia vocal interessante, mas que se perde em instrumentais 1000% fracos. Ouço Richie Sambora esquecendo completamente
de seus próprios talentos e gravando um disco comum, sem nada de especial, a
não ser clichês atrás de clichês. Me lembro de ter escrito que That’s What The
Water Made Me era a única que podia se salvar neste disco. Não, ela também
não se salva. Talvez seja o único ponto em que minha opinião mudou depois daquela primeira resenha. A melhor coisa a se fazer é fingir que o último trabalho do Bon
Jovi até aqui é The Circle (2009)...
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