De certas bandas esperamos sempre algo novo para não cair na
mesmice e continuar nos empolgando. De outras, esperamos o contrário: que
continuem fazendo o que sempre fizeram. AC/DC, Motörhead... Slayer! Não
esperamos nunca que o Slayer pare de nos proporcionar a trilha sonora para o
fim do mundo com seu thrash metal violento.
O novo álbum do quarteto, primeiro sem Jeff Hanneman (morto
em 2013) e agora sem Dave Lombardo na bateria, sendo substituído novamente por
Paul Bostaph, Repentless, com lançamento em 11/09, segue a risca o que sempre
gostamos na banda: a violência musical quase gratuita.
A capa foi desenhada por um artista brasileiro: Marcelo Vasco. |
Com Gary Holt (guitarrista substituto de Hanneman) já
enturmado, a banda soa coesa e precisa como mostram, por exemplo, a rápida e
bruta faixa-título e a arrastada When the
Stillness Comes, as duas faces do Slayer que todo mundo gosta. Paul Bostaph
é um grande baterista, um dos maiores do gênero, mas é impossível em alguns
momentos não sentir falta de algumas viradas características de Lombardo, o que
pode te trazer um sentimento de “ah, se fosse o Dave...” mas nunca o de rebaixar
Paul ou o disco em si.
Kerry King escreveu quase todas as canções do álbum, exceto Piano Wire, creditada ao falecido Jeff
Hanneman, que pode ter entrado mais como uma homenagem, porque não é um dos
pontos altos do trabalho. Ao contrário de Chasing
Death que tem belos riffs e vocais mais falados de Tom Araya. Take Control e Vices são candidatas a tornarem-se favoritas dos fãs; riffs
clássicos, peso absoluto, velocidade, groove e letras insanas.
O ponto fraco do disco – se é que posso chamar assim – é o
final: escolhidas para encerrar o trabalho, You
Against You e Pride in Prejudice pouco
acrescentam em qualidade ao álbum. Talvez se fosse mais enxuto, com 10 canções,
teria até uma certa mística maior para Repentless.
Um grande lance desse novo play do Slayer é uma espécie de
redenção para Paul Bostaph: fora ter gravado Divine Intervention (1994), que
é o favorito de uma parcela considerável de fãs (está no meu top 3 da banda),
todos os outros álbuns gravados na sua passagem anterior são questionados pelos
fãs: Diabolus
in Musica (1998) é constantemente eleito o pior do Slayer, enquanto God
Hates Us All (2001) foi até acusado de flertar com o new metal, o que é
um absurdo, mas que também não o livra de ser fraco.
Repentless segue a linha do thrash clássico e característico
que a banda voltou a praticar em Christ Illusion (2006) e World
Painted Blood (2009) e, como já foi dito, tem tudo para agradar todos
os milhares de fãs da banda.
A produção ficou a cargo de Greg Fidelman e Terry Date, e também marca a estreia do Slayer pela Nuclear Blast após anos com a American Recordings.
Nota 8.5
Comentários
Postar um comentário