Boy: U2 e seu certeiro álbum de estreia

Por Carlos H. Silva

---> A Primeira Impressão é a que fica - Boy, U2

É comum no rock o primeiro lançamento ser considerado o melhor ou o mais importante das principais bandas; a maioria delas até supera o disco inicial tanto em vendas como em qualidade nos álbuns seguintes, mas o debut tem sempre aquele charme diferente. É o caso do U2. A banda se tornou gigante em meados dos anos 80 com War e The Joshua Tree, e hoje, assim como Kiss, AC/DC e outros, já é uma verdadeira instituição musical, é algo muito maior que uma banda de rock. Seus shows são como verdadeiros espetáculos milimetricamente montados, estudados e o faturamento é monstruoso. Mas o que nos interessa aqui é o debut dos irlandeses.

Bono (vocalista), The Edge (guitarrista), Adam Clayton (baixista) e Larry Mullen (baterista) apareceram para a indústria fonográfica com Boy, de 1980, produzido por Steve Lillywhite e gravado no Windmill Lane Studios, em Dublin.



A capa do álbum, em preto & branco, que traz um garoto em uma foto "inocente", traduz quase um sentido conceitual em um tema comum entre as canções: o fim da adolescência, dúvidas, frustrações e etc. Tudo aquilo que nós todos passamos nesse momento da vida o U2 (particularmente o vocalista, que é o letrista) traduziu para as letras em seu primeiro lançamento.




Musicalmente, soa mais "livre", mais despojado, o que é natural, do que os álbuns que se seguiram a ele. O baterista LARRY MULLEN tem um performance incrível em quase todas as canções (destaque para "Stories for Boys" e a pegada forte, quase tribal, meio hipnótica de "Shadows and Tall Trees"), enquanto THE EDGE soltou riffs faiscantes, e tipicamente oitentistas, em sons como "Twilight" (que tem também um solo incrível), "Out of Control""The Electric Co.", "Another Time, Another Place" e "I Will Follow"; e o baixista ADAM CLAYTON marca presença com eficientes linhas como nas sensacionais "An Cat Dubh" e "Into the Heart", que são separadas nas faixas, mas são juntas justamente pela marcação eficiente do baixo e ao vivo são reproduzidas de forma até emocionante, como na versão de Under a Blood Red Sky ou em Vertigo 2005: Live in Chicago. Sem dúvida duas das melhores composições de Boy.

Assista a versão ao vivo 25 anos depois de seu lançamento:



"A Day Without Me", com todas essas características citadas acima, te transporta direto para aquela época, mesmo que você não tenha vivido nela - e talvez por já terem esse sentimento na época, a canção foi o primeiro single do álbum. 



Boy é um daqueles discos característicos de uma certa geração e de determinado período - claro que ultrapassou todas as barreiras do tempo e pode ser curtido por qualquer pessoa, mas ainda te leva diretamente a 1980 e à "vibração" dos anos 80.



Ainda sobre THE EDGE, é legal mencionar que desde esse primeiro lançamento o guitarrista já conseguiu impor o seu estilo de tocar, sendo assim a maior marca registrada do som característico da banda. Algumas canções do U2 lançadas anos depois são as mais conhecidas da banda (vide "With or Without You" e etc) e muitas pessoas não conhecem a fundo as canções de "Boy", mas ao ouvirem os primeiros acordes da maioria delas, conseguiriam 'matar' que se trata do U2 logo de cara por essa característica de timbre e pegada que The Edge impôs desde o debut. O músico gravou todo esse disco com uma Gibson Explorer, uma de suas marcas registradas.
E junto com o guitarrista, o baterista Larry com certeza tem um destaque por igual. Larry Mullen Jr. é dono de uma pegada forte e eficiente, talvez a melhor do chamado "rock alternativo dos anos 80". Suas viradas certeiras e o som potente de seus tons ainda são uma característica marcante no som da banda, principalmente ao vivo.


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