Avenged Sevenfold: "Hail to the King" surpreende positivamente

O Avenged Sevenfold faz parte do clube do “ou me amam ou me odeiam”. A banda tem a seu favor uma base forte de fãs, em sua maioria absoluta jovens adolescentes e a constante presença na mídia, e do lado contrário, pesam contra si o seu visual (sim, em 2013 muita gente ainda julga banda pelo visual), a constante presença na mídia (?) e exatamente a sua base de fãs, que, julgada pelos mais radicais, parecem ser “posers” (entre aspas, porque, né... quem ainda usa "poser" em 2013...) ou algo do tipo.

Eu faço parte do clube “não to nem aí”. Aprendi vendo fotos das minhas bandas favoritas tiradas nos anos 80 que não devo julgar um grupo pelo seu visual. Aprendi também que sua base de fãs formada por adolescentes manja-nadas chatos ou tiozões donos-da-verdade chatos não devem interferir no que eu penso sobre o som de qualquer grupo.



Aprendi também que somente no Brasil as pessoas se preocupam se vai acontecer algo com o Avenged Sevenfold ao tocar em um festival no mesmo dia que Slayer ou Iron Maiden.

Passados esses três parágrafos que nada versam sobre Hail to the King, novo disco dos caras, produzido por Mike Elizondo, vamos ao que interessa:



Nos últimos meses, na divulgação pré-lançamento do álbum, os caras da banda deram diversas entrevistas focando em um só tema: uma aproximação maior com o som do heavy metal oitentista ou “tradicional” e uma certa intenção de ser considerado o “carregador da tocha do metal na atual geração”. Sobre esse segundo tema, mais complexo, eu deixo para outra ocasião. Mas no quesito da aproximação com o heavy metal tradicional, o pessoal do A7X não estava de brincadeira. Embora tenham sempre “brincado” com coisas como guitarras gêmeas, neste novo trabalho a banda soltou um cd que pode sim ser classificado como heavy metal. Doa a quem doer.

A canção de abertura, Shepherd of Fire, foi uma ótima escolha, pois tem um groove muito bom, um ritmo empolgante nas estrofes, sem soar forçado, o refrão também empolga, e o solo finalizado com as guitarras gêmeas é a “cereja do bolo”. Definitivamente a escolha certa para abrir o lançamento. E um belo trabalho de Synyster Gates e Zacky Vengeance nas seis cordas e de Johnny Christ com um potente som de baixo no refrão.

Há de se destacar também a grande performance do baterista Arin Llejay, que está no lugar do falecido The Rev e também de Mike Portnoy. O som de bateria é forte e os bumbos, sempre bem encaixados, são um destaque à parte.

Coming Home, com seus mais de 6 minutos, é a melhor faixa do álbum. Com uma introdução lenta de guitarra/baixo/voz, a canção acelera com um ritmo heavy metal tradicional nas estrofes e um refrão grandioso. E seguem riffs, solos, guitarras dobradas na orelha do ouvinte. Belo tema!

Doing Time tem um riff meio hard rock e acaba caindo num dos grooves mais legais do disco. Faixa mais curta entre todas, é crua e empolgante. Com certeza deve ser tocada ao vivo. Heretic volta com os riffs e levadas heavy metal, com direito até a uma interessante passagem acústica no meio. Planets é mais durona e até seu solo é menos plástico e mais “noise”.

A faixa-título, que foi escolhida para ser o primeiro single, pode ser uma boa representação geral de Hail to the King, mas não completamente, pois é um pouco lenta e não alcança um ápice; mas é uma boa faixa, com bons riffs e guitarras dobradas. Mas todas as outras citadas acima são melhores.

O álbum encerra com Acid Rain, que julgo ser o único deslize aqui. De forma geral, não gosto muito das baladas do A7X e não foi diferente com esta. E para piorar é a que termina o trabalho. Um disco deve ser como um show: começar e terminar animado. O fim de um disco ou show com uma balada é um anticlímax.

Há ainda as lentas e grooveadas This Means War e Requiem (essa com influências da música clássica, como o próprio nome já denuncia) e a balada (essa até que é legal) Crimson Day.


Tire seu preconceito do corpo e ouça Hail to the King porque vale a pena. As canções são tão boas que dá até para ouvir a voz enjoativa de M. Shadows pelo trabalho todo sem pausar. E se não curte os antigos da banda, ouça mesmo assim, pois este é o melhor álbum do Avenged Sevenfold.

Carlos H. Silva

Nota: 8.0

01. Shepherd Of Fire
02. Hail To The King
03. Doing Time
04. This Means War
05. Requiem
06. Crimson Day
07. Heretic
08. Coming Home
09. Planets
10. Acid Rain

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