Sepultura: melhor trabalho em 15 anos

Carlos H. Silva

O título não é exagero, nem empolgação de momento: The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (título inspirado no filme "Metropolis", mas sem intenção de ser conceitual)  é o melhor trabalho do Sepultura com Derrick Green no vocal. Não que o Sepultura tenha grandes clássicos nos últimos 15 anos, mas significa bastante. Principalmente pela empolgação de quem escuta.



E os grandes “culpados” disso são o guitarrista Andreas Kisser e o baterista Eloy Casagrande. O primeiro sempre foi um grande nome do instrumento, mas neste disco Andreas está endiabrado com riffs cortantes e solos certeiros. E o baterista não fica atrás, com suas viradas insanas e ritmo forte, faz os fãs lembrarem-se do eterno Igor Cavalera, como na monstruosa primeira faixa, Trauma of War, a melhor do álbum.

A ótima produção ficou por conta de Ross Robinson, que já havia trabalhado com a banda no lendário Roots (1995), e a pancadaria continua comendo solta na poderosa The Vatican, com riffs pesadaços e totalmente thrash metal, com direito até a guitarra dobrada. Um arregaço! Derrick Green soa animal. A canção foi a primeira a receber um videoclipe que você pode ver clicando aqui.

Impending Doom diminui um pouco o ritmo com levadas mais grooveadas onde Eloy também se destaca, assim como seu ótimo trabalho de bumbos em Manipulation of Tragedy. Tsunami já é mais experimental e até consigo imaginar ouvindo-a em Against (1998), por exemplo.

Do meio pro final este novo play dá uma caída em qualidade, mas nada que comprometa o resultado final. The Bliss of Ignorants é uma ótima canção e ainda tem a participação do baterista Dave Lombardo em Obsessed.

Como é de se esperar, sempre rolam os covers. Desta vez sem ter do que reclamar, as versões de Da Lama Ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi, com vocal de Andreas) e Zombie Ritual (Death) ficaram sensacionais!


O único ponto negativo deixo para a escolha da banda ter divulgado The Age of the Atheist como single antes do disco sair, não é das melhores deste álbum, não se destaca entre as demais e não o representa como um todo.

Nota: 7.5

1 - Trauma of War
2 - The Vatican
3 - Impending Doom
4 - Manipulation of Tragedy
5 - Tsunami
6 - The Bliss of Ignorants
7 - Grief
8 - The Age of the Atheist
9 - Obsessed
10 - Da Lama Ao Caos
11 - Zombie Ritual (bônus)

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