O ocultismo de Black Widow.

Comumente bandas de Rock fazem algumas adorações à Satanás em suas canções, que é algo normal, partindo do pressuposto que o gênero é oriundo do Blues, que por sua vez tem como grande nome Robert Johnson, cujo o qual não precisa dizer muito para justificar essa afirmação, porém nunca é demais um pouco de história. De forma bem resumida é assim: 

Diz a lenda que o cabra, certa vez, numa encruzilhada lá dos Estados Unidos da América do Norte, ficou esperando, eu disse ES-PE-RAN-DO! Não por acaso, que o capiroto viesse lhe dar algum auxílio em suas músicas. De tanta espera, de repente um "homem" bem vestido surgiu, pegando então sua viola para afinar. A partir daí todos que ouviram as músicas de Robert ficaram hipnotizados pelo som das trevas que ela emitia! Além de tudo isso, boatos confirmam que ele tocava de costas para sua plateia, para que ninguém visse seu olhar demoníaco, pois era possuído toda vez que empunhava seu instrumento de cordas.
 

Bela história, não? Poderíamos ser céticos e defender aqui que ele só encontrou um bom Luthier na rua, que ajeitou seu violão, e que tocava com as costas para frente, para não se distrair, pois era muito tímido... mas não! Somos ROCKERS, e gostamos do ocultismo, certo? CERTO!


Robert Johnson
Esta longa introdução, falando da vida do rapaz, servirá apenas para que possamos dar um salto no tempo e irmos aos primórdios do Heavy Metal, na verdade um pouco antes de criarem essa nomenclatura, já que estava prestes a nascer. Vamos falar de uma banda que com certeza foi um grande influente a todos os estilos com o sufixos Metal, que apesar de sua sonoridade ser bem similar a Free (que nasceu um pouco depois, mas...), Uriah Heep (também nascido após a tema de hoje), até mesmo algumas referências do grande The Who (essa sim mais velha), bandas que a priori não tinham uma característica tão "das trevas", o foco principal dessa a qual conversaremos era o ocultismo. Isso mesmo, explicítamente Devil's Songs. Então chega de te enrolar caro leitor, bateremos um papo hoje sobre a banda BLACK WIDOW!


Nossa amiga Rose Gomes, funcionária desse blog também, certa vez escreveu sobre o grupo Coven (clique aqui para relembrar), contemporânea à nossa temática nesse post, que diferente de um Black Metal por exemplo, você poderia ouvir na presença de sua mãe sem que ela te julgasse como garotinho (a) das profundas, a não ser que ela fale Inglês, enfim, similar a essa banda, Black Widow, tem um estilão bem peculiar, não apenas nos enredos, nas harmonias, nas métricas, mas também nas performances, ou melhor, eles eram peculiares em tudo. O disco abordado aqui é o de estreia da banda, chamado Sacrifice (1970), belo nome para o assunto que dominavam, e a escalação no time de Leicester, Inglaterra ficou assim: Kit Trever (Vocal), Bob Bond (Baixo), Jim Gannon (Guitarra), Zoot Taylor (Órgão e piano), Clive Jones (Flauta, saxofone e clarinete),  e Clive Box (Bateria e percussão) - Nessa ordem da esquerda para a direita, de baixo para cima. Ufa! Quanta gente. 

  

Já ficou claro que o Satanismo e o Ocultismo estão presentes no conteúdo dos caras, e para provar isso nada melhor que... Ficar com um pouquinho de medo, afinal medo é o que mais gera publicidade, e de que forma? Escutando a primeira faixa do disco, conhecida por In Ancient Days. Confere aí.


                              

Escolhida essa versão ao vivo da canção, para você ter uma ideia do que faziam antes de iniciar o espetáculo de fato. 

Como certa vez disse na postagem das Dez capas mais malignas do mundo do Rock! Basta você envolver Igreja na parada, que tudo fica com um tom mais soturno, e esse órgão que toca no início não nos deixa pensar em algo diferente, um som fúnebre inicia a canção, embora próximo início do riff alguns artifícios rompam essa característica, desentoando o clima catedral que havia.

Em seguida Way to Power é a faixa, conta com uma dobra vocal muito interessante, sem muitas firulas, um ótimo espetáculo dos moços. Uma excelente canção também.



Ao que parece eles gostam bastante de repetições. Na primeira faixa repetem diversas vezes o verso "I conjure thee" e na segunda, a frase "Power you shall gain", é a que ganha maior destaque.
 

Em terceiro lugar temos a canção Come to the Sabbat, e olha que nome foram escolher, se isso influenciou os  caras do Earth eu não sei, mas que é uma das mais diabólicas do disco, ah isso é! Logo no início, uns tambores são tocados seguidos de uma flauta doce, lembrando a banda Jethro Tull, lembra alguma espécie de ritual, tendo logo em seguida um coro entoado, dando ainda mais um clima de seita. Tudo bem que em sequência, ela apresenta-se de forma, meio, élfica, mas é possui uma letra medonha.



Logo após essa pedrada, o que se tem é Conjuration, que também é bem bacana, conta com outros instrumentos de sopro além da flauta que já haviamos nos acostumado. Uma canção, mas falada do que cantada, as muito bem trabalhada sem dúvida.

A Faixa número #5 é Seduction, não se sabe se fonéticamente fazendo algum comparativo com a anterior, ela tem a cara de ser pra seduzir mesmo, contudo não percam nunca o foco, CAPETA. Ah! E só pra não deixar passar, não sei o porquê, mas imagino quando a ouço, a banda Nazareth cantando garota de Ipanema, por quê? Não sei, talvez o ritmo Bossa Nova que tem em certa parte.


A próxima é Attack of the Demon, e novamente está tudo em seu lugar, métrica acelerada, e muito legal de se ouvir, bem alegre. Vale a pena conferir.


                               

PUTZ! Quase ia me esquecendo de comentar, o disco todo tem uma similaridade com o The Early Years, primeiro álbum do Deep Purple, que era cheio de psicodelia, e apesar de Kit Trever não ter o grave mais grave que os graves de Rod Evans, o vocal se fazia bem parecido.

E fechando o compacto tem-se a que carrega o nome da obra, Sacrifice. É a faixa mais longa nesse 12 polegadas, muito animada, e encerra com chave de ouro essa beleza desse mundo cheio de mistérios, que cercam a Era que antecedeu o Heavy Metal.

Fique agora com o Full album, e divirta-se!


01. In Ancient Days - 7:36
02. Way To Power - 3:53
03. Come To The Sabbat - 4:51
04. Conjuration - 5:41
05. Seduction - 5:33
06. Attack Of The Demon - 5:33
07. Sacrifice - 11:08


                            


Observações:

  • A respeito da história contada no início, quem pode comprovar a veracidade dos fatos? Eu não sei. Mas há um filme que tem como objeto esse conto. Com um nome que não poderia ser mais sugestivo Encruzilhada (1986) - Crossroads é o nome original - é um longa metragem que conta a lenda de Robert Johnson, contudo não de forma biográfica, mas sim tendo como protagonista um jovem, apaixonado por Blues que decide ir atrás do tal cruzamento de ruas onde o mestre do gênero veio se ter com o Diabo. Em dado momento o garoto se vê obrigado a duelar nada mais, nada menos que com o próprio Demônio, que é interpretado simplesmente por Steve Vai, páreo duro esse aí. Fica como recomendação para você esse clássico do cinema.


  • No ano de 1969 a banda lançou um LP conhecido pelo nome de Return to the Sabbat, e sabemos que no ano seguinte, a maior banda na história da maldade, Black Sabbath surgiu com seu primeiro e devastador homônimo disco, que como Black Widow, tinha a temática do ocultismo, com o porém que, além de tudo o som era pesado Rock Pesado. Sabe-se que o batismo da banda de Tony Iommi deriva de um filme de mesmo nome, contudo não se descarta a possibilidade de terem sido influenciados por essa outra, ótima, banda Inglesa.


  • Os caras do Black Widow eram, tão tão loucos, que sobreviventes de seus shows, afirmam que eles ensinavam como fazer rituais, tendo sacrifício HUMANO, em cima dos palcos. Não me pergunte como era, porque me limitei a saber apenas isso. Sou um grande medroso.
Encarte que constava no interior de um de seus discos.

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