Mexicoma, fuzzeando seus ouvidos!

Por João C. Martins

Quando se fala de Stoner a gente sempre pensa muito em deserto, em Estados Unidos, por conta de uma caralhada de banda ter vindo da Califórnia, e pelo fato de sermos condicionados a pensar que tudo aquilo o que fala Inglês é americano. Se dentro disso tudo juntarmos o nome da banda – que você já pressupõe qual seja – aí que temos mais motivos ainda para pensar que os rapazes são from USA, contudo um belo de um tapa na nossa cara há de ser dado, muito mais para que possamos aprender que nem tudo é oriundo da terra do tio Sam. Esses caras estão na ativa desde 2006, ou seja, são relativamente novos, embora sua juventude não seja, em momento algum, um ponto negativo, já que suas influências são muito boas. Assim como os seus conterrâneos do Truckfighters contam com um som assumidamente fuzzeado, onde a dissonância das guitarras é peça chave para o peso, tanto das canções, como da cadência, definitivamente marcada pelos monstros sagrados do Heavy Metal dos anos 70. Lançando seu terceiro registro a partir do início de sua carreira, tenho o prazer de lhe apresentar, MEXICOMA e o excelente Obisidian Monolith (2014).

mexicoma-obsidian-monolith

Este é, com certeza, um dos que estará na minha lista de melhores do ano.

Vindos da Suécia, mais precisamente de Umeå, Mexicoma vem dando o que falar na cena do Stoner Metal, principalmente agora que foi lançado seu último trabalho, devidamente elogiado pelos proseadores de plantão. Para ficar ainda mais por dentro do assunto, vamos ao line-up:

mexicoma

Da esquerda para a direita: Olle Sjölund (Guitarra), Oskar Melander (Bateria), Magnus Olsson (Vocal), Charlie Dahl (Baixo), e Peter Norstedt (Guitarra) e Nicklas Viberg (Guitarra).

O som que eles fazem é incrível, pois essa pegada, como dito, fuzzeada, cria uns efeitos muito perceptíveis, mesclando com o peso feito na cozinha, levando fãs de Stoner à loucura sem limites. Evidentemente o estilo deles é influenciado, inegavelmente, pela característica dos, já citados, Truckfighters, porém com um pouquinho mais de agressividade. Para entender melhor do que estou falando, fique com a faixa que abre o disco, Keep me Alive.

Mexicoma–Keep me Alive

 

Que introdução massa essa, não? Sou capaz de ouvir isso por dias sem me cansar.

Se por ventura você for uma daquelas pessoas um pouco mais ortodoxas, que gostam de Stoner sujeira mesmo – que eu também amo – eles, logo na sequência, nos dão uma baita pedrada na orelha com um riff à lá Red Fang, deixando todo o Fuzz de lado nessa hora. O nome da faixa é Mortified, e vale a pena dar uma conferida, se liga!

Mexicoma – Mortified

 

Apesar da sujeira, do peso, da agressividade, o que mais traz algo de diferente nessa banda é técnica. Seu vocalista consegue entoar canções extremamente rasgadas num tom absurdamente grave, tanto como no gênero que faz sua banda, como num típico blues americano dos anos 30.

Em sua biografia nas redes sociais mencionam o fato de terem precisado de tempo para amadurecer suas canções, e principalmente para criarem bons e marcantes riffs. Dizem-se prontos para alçar voos maiores e tomarem o cenário internacional. E não vejo nenhum exagero nisso, visto que eles são uns dos poucos que ainda prezam pela propagação do novo, mas um bom novo e não o novo que estamos acostumados, se é que me entende.

Como ainda não são tão conhecidos, é relativamente complicado compartilhar o que eles têm lançado, pois dificilmente se encontra algo que, de fato, queiramos. Entretanto, isso não é motivo para que não procure, e escute esse ótimo compacto. Compre, alugue, baixe, roube, mas não morra sem ouvi-lo, pelo menos uma vez na vida.

Tracklist:

01 - Keep Me Alive

02 – Mortified

03 - Supersonic Speed

04 - Alien Radio

05 - Room 101

06 - Island of Ghosts

07 - West of Memphis

08 - Abyssus Abyssum Invocat

Bonus

09 – Salvation (Unplugged)

 

Observações:

- O nome, Mexicoma, é uma adaptação da música Mexicola, do primeiro álbum, homônimo da banda, Queens of the Stone Age, que você pode ouvir clicando aqui;

- Apesar desse ter sido o álbum de maior divulgação da banda, eles lançaram em 2010 um EP chamado Mexicoma, e em 2012 um full lenght, esse nomeado Supervoid;

- O álbum, Supervoid, apresenta apenas quatro faixas, sendo três delas relançadas no Obisidian Monolith. A única que temos de diferente é John the Revelator, que na verdade é um clássico do blues, cantado por Blind Willie Johnson, gravado, veja só, em 1930! Embora estejamos falando de Stoner, vamos nos permitir a essa pérola da música mundial:

Blind Willie Johnson – John the Revelator

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