2015: Equipe do blog lista os melhores discos do ano

Apesar deste ter sido o ano mais "parado" do Blog, certas coisas não mudam - e nem devem. A velha e famigerada lista de Melhores do Ano mostra que nossos ouvidos continuam atentos às novidades e também às coisas "de sempre". Sinto orgulho de ver essa lista e notar alguns discos que passam desinteressadamente pelos ouvidos de muitos críticos de música não passaram incólumes por aqui.

Uma percepção geral que tenho é que as pessoas gostam de ouvir somente os álbuns das bandas que já conhecem; não se atentam para "aquela banda nova" ou "aquela banda daquele gênero para o qual eu nunca dei bola" ou "aquela banda que eu não conheço e lançou aquele disco que todo mundo está falando mas eu não vou ouvir" ou simplesmente não buscam pela novidade. Por isso é sempre interessante acessar sites de fora e ver o que é que está rolando, de quem estão falando bem ou mal e ver até as listas desses caras, buscar esses discos e entender os porquês.  Por isso fico feliz ao notar que na lista de cada um de nós aqui do blog há pelo menos uma banda recém descoberta por aquele que se responsabilizou em colocar na lista dos melhores.

Aproveito para desejar a todos que chegaram até a esse post um excelente 2016, repleto de alegrias, saúde, paz e muito rock n' roll. Do lado de cá, tentaremos retornar com força total.

Vamos aos costumes.

Carlos H. Silva.

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Lista de João C. Martins:





Acid King - Middle of Nowhere, Center of Everywhere: Feito da maneira mais pesada e arrastada possível é a maneira que defino este disco do Acid King. Se a sua parada não for um bom e velho Doom, aconselho nem chegar perto desse disco, pois confesso que até eu demorei um pouco pra gostar dele. Apesar disso, o estilo vocal da Lori S, também guitarrista da banda retoma bastante àquelas minas dos anos 90 que bombaram nas paradas de sucesso. Bom disco, décimo lugar pra ele.



 

Kamchatka - Long Road Made of Gold: Este é um disco que em meados de 2015 estava entre os três primeiros da minha lista. Três suecos bluezeiros e rockeiros, que decidiram lançar um disco no melhor estilo ZZ Top, sendo possível encontrar nele belíssimos riffs de guitarra, solos incríveis, linhas de baixo muito bem executadas, isso tudo sem contar a charmosa canção Rain, que para mim foi o crucial para estarem na minha lista. Pena para eles que este ano foi repleto de coisa boa, caso contrário estariam no topo. 




Caspian - Dust and Disquiet: Entrou na minha lista assim como o Thomas Giles ano passado: não sei como nem porquê. Um puta de um instrumental absurdo, clássico e rockeiro. Pesado ao extremo e suave na mesma proporção. Toda vez que eu coloquei o disco para rodar, tive que ouvir no mínimo duas vezes de tão complexo que era. Confesso que ate este exato momento não entendi muita coisa, mas sei que foi um dos melhores desse ano. Separation No. 2, Ríoseco e Darkfield, são aquelas que você não pode deixar de fora da sua playlist de Réveillon.





Kylesa - Exhausting Fire: Mais uma vez Kylesa está na minha lista, claro que esse ano com uma importância maior que da última vez.Realmente foi necessário tirar o chapéu em 2015 para o que eles foram capazes de fazer. Deixaram de lado aquela chatice que faziam para se aprofundarem num mundo experimental, do qual espero que não saiam mais. O disco teve pedradas atrás de pedradas, todas num nível de construção animalesco. Falling e Lost and Confused comprovam isto que estou falando. Ah! Além disso, não deixe de conferir o cover de Paranoid que fizeram da maineira mais Doom possível.





Uncle Acid & The Deadbeats - The Night Creeper: Pelo visto, esse foi o ano do Doom! Riffs incríveis, apesar de um pouco cansativos devido a repetição, mas algo completamente plausível tendo em vista que o gênero pede isso. É uma banda que faz um rockão, clássico 4 por 4 e sem frescura, qualquer fã de Sleep se sentiria satisfeito ao ouvir o trampo que fizeram nesse álbum. Waiting for Blood, Inside e Slow Death são as minhas queridinhas.






Ghost - Meliora: Piadas infames sobre o nome do disco, "Por que o Ghost B.C. é uma bosta?", eu odeio o Ghost, bando de satanistas, blá blá blá e mais uma vez, o Ghost está na minha lista. É preciso deixar claro que, Meliora não causou o mesmo impacto que Opus Eponymous e Infestissumam, contudo os caras sabem fazer um típico Rock and Roll setentista e isso é o bastante pra me cativar, sejam eles desafinados, fracos, primários ou não. A linha de baixo de From the Pinnacle to the Pit, é a coisa mais simples que já ouvi na minha vida e ao mesmo tempo consegue se uma das coisas mais incríveis que já ouvi na minha vida! Dá pra aceitar isso? Pois bem, parabéns ao Ghost por insistirem com o Rock. Ouça o disco todo!





Naxatras - Naxatras: Uma banda da Grécia. Só por isso já mereceria algum lugar na lista. Só que, além disso, os caras detonaram absolutamente tudo! Foi incrível, ouvir um disco de mais de uma hora de duração e não querer pular nenhuma faixa. Muitas canções com pouquíssimas falas, mas todas com riffs, que decidi nomear de "Riffs Mediterrâneos", pois nunca tinha ouvido algo parecido. I am the Beyonder, Sun is Burning e Ent são as que me levam para outra dimensão.





Mutoid Man - Bleeder: Agora é pra falar sério. Esse foi o disco mais pesado que eu ouvi nesse ano. Impossível definir de que são feitos esses caras. Umas músicas nuns tempos ímpares, de 5 por sei lá quanto, além de que tudo feito da maneira mais pesada que você não pode imaginar. Claro que não se esperava algo diferente, sabendo que dois caras que tocaram no Converge iriam se juntar para um novo projeto. Mas, definitivamente, uma única palavra pode definir este disco: Incrível! Bridgeburner, Reptilian Soul e Dead Dreams, além do disco todo.





Baroness - Purple: Aos quarenta e oito do segundo tempo de 2015, Baroness decidiu lançar seu quarto álbum de estúdio, isso sem contar os dois primeiros EPs. Não podia ser diferente e tudo o que eu disser aqui parecerá obsoleto. O Baroness não erra! É uma banda formidável, absurda, incrível, sem palavras. Canções emocionantes até o talo e de um peso interminável. Enquanto algumas bandas lançam álbuns conceituais, o Baroness tem uma discografia conceitual. Chupa Brasil. Escute o álbum todo, mas deixe para estourar o volume quando chegar em Shock Me, Chlorine & Wine e Desperation Burns.





Clutch - Psychic Warfare: Tudo o que eu ouvi antes desse disco tinha potencial para ser o primeiro colocado. Tudo o que eu ouvi depois dele, eu até considerava a possibilidade de desbanca-lo, mas ninguém foi capaz de ultrapassar a única banda de Stoner viva desde o seu início, com a mesma formação e tudo mais. Claro que podem haver outras, mas o Clutch além de tudo é uma banda independente, lança o que quer, como quer, da forma que quer e sempre arregaça! Um disco monstruoso. Vale a pena do início ao fim. X-Ray Visions, A Quick Death in Texas e Son of Virginia, são pra escutar alto.



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Lista de Rose Gomes:








Richie Kotzen - Cannibals: A influência da black music sempre presente nos trabalhos de Kotzen se mostra muito mais forte desta vez, trazendo o soul e o  funk americano como os grandes destaques.  O baixo e  guitarra (tocadas pelo próprio músico) aparecem bem carregados de suingue, com cada faixa se mostrando surpreendentemente diferente uma da outra. É como se um produtor da Motown disesse: “Ok, vamos gravar um álbum de hard rock , mas do nosso jeito!” Disco escandalosamente gostoso do início ao fim!



Mumford & Sons – Wilder Mind: O álbum dos ingleses traz um rock alternativo, no melhor estilo indie, gênero que vem despontando a cada dia com mais bandas de excelente qualidade e um som mais inovador e atual. Pegada dramática, batida intensa, interpretação vigorosa; todos os elementos que me prendem em bandas deste estilo.



Muse – Drones: As  12 faixas do disco trazem o já prometido rock and roll que os integrantes haviam declarado que estaria mais presente do que nunca neste novo trabalho. Riffs empolgantes, belos solos de guitarra e baixo, e a sempre intensa e dramática interpretação de Matt Bellamy fazem de Drones um dos melhores álbuns de 2015 – e da banda também.




Lindemann - Skills in Pillso álbum do projeto Lindemann, feito em parceria com o multi-instrumentista sueco Peter Tägtgren (PAIN, Hypocrisy), traz 11 faixas inteiramente cantadas em inglês com letras recheadas da habitual malícia rammszística . O instrumental – assim como o vocal – é pesado e agressivo, remetendo na maioria das vezes ao som do Rammstein, e talvez aí more a graça do projeto, já que os fãs da banda alemã se encontram “órfãos”, mesmo que momentaneamente, de um som novo dos caras. Porradaria das boas do começo ao fim! 



Iron Maiden – The Book of Souls: As 11 faixas do álbum duplo se dividem entre claras influências do metal progressivo e do heavy setentista , transbordando técnica e peso em todas as suas variações. Nem mesmo o vocal de Bruce Dickinson – comprometido à época das gravações em decorrência de um câncer na língua – deixou a desejar, o vocalista perceptivelmente se entregou faixa a faixa nos trazendo um trabalho de excepcional qualidade. E se o vocal está arrasador, o instrumental, como sempre, manteve o alto padrão Maiden de qualidade, aquele que nos presenteia com riffs inteligentes e melodiosos, solos insanos e claro, os notórios e alucinantes dedilhados na linha de baixo matadora do mestre Steve Harris.



Duran Duran – Paper Gods: Muitas bandas tentam, mas poucas conseguem se reinventar sem perder a essência, o Duran Duran é um belo exemplo disso. Paper Gods é um álbum completamente atual e muito bem feito. Se nos anos 80 os ingleses agitavam a pista, nos dias de hoje continuam dando conta do recado. O disco é um trabalho delicioso com várias faixas dançantes e até baladinhas leves, ideal se para ouvir do começo ao fim.



Stereophonics – Keep the Village Alive: Recheado de influências que vão claramente do punk rock ao melhor estilo Sex Pistols, até o bom funk, Keep the Village Alive é um disco vigoroso, cheio de energia e ao mesmo tempo tranquilo, com composições otimistas e delicadas. Há quem diga que KTVA é um álbum mediano, mas  prefiro confiar no meu gosto que atesta ser um excelente registro.



The Winery Dogs – Hot Streak: A banda manteve a identidade e qualidade (indiscutível, diga-se de passagem), mas preferiu focar-se em algo claramente mais técnico, deixando evidente que se afastou de faixas mais marcantes, como no caso do primeiro álbum, lançado em 2013. Disco indicado para músicos que, digamos assim, queiram aprofundar mais seus conhecimentos, pois é uma senhora aula de boa música!



Coldplay – A Head Full of Dreams:  O Coldplay é aquela banda de extremos, ou se ama, ou se odeia, e na maioria das vezes seus trabalhos causam polêmicas discussões até mesmo entre os fãs mais fervorosos do grupo. Mesmo recheado de participações (algumas até bem pop), o álbum em momento algum cai por este lado, como muito ouvi por aí.  Há diversos elementos musicais que ainda fazem o Coldplay soar como uma banda de rock alternativo e demonstram que eles ainda mantêm a identidade.




Art Nation – Revolution: Tive uma grata surpresa ao ouvir há poucos dias o álbum da banda sueca Art Nation. Nem mesmo cheguei a fazer uma resenha sobre ele, o que foi um tremendo erro! Pra quem curte um bom “AOR de raiz” é um prato cheio! Instrumental limpo, honesto e pegada bem hard. Ponha pra tocar no carro e pegue a estrada!


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Lista de Carlos H. Silva:





Iron Maiden – The Book of Souls: Sobre esse disco do Iron Maiden ou escreve-se muito ou escreve-se pouco. Não dá para resumir nem para elogiar com comedimento. Basta apenas algumas afirmações: é o melhor disco desde Brave New World, tem a melhor produção desde o mesmo e tem potenciais novos clássicos: Speed of Light, The Book of Souls, The Red and the Black, If Eternity Should Fail Empire of the Clouds.



Nightwish – Endless Forms Most Beautiful: Que Floor Jansen caiu como uma luva no Nightwish não demorou muito para todos perceberem. Restava a dúvida de como seria um disco da banda com ela. O resultado foi o melhor possível. Particularmente já é o meu disco favorito da banda. Canções suaves como Élan e Edema Ruh transitam facilmente com pauladas como Weak Fantasy Yours Is An Empty Hope. Sem mencionar a épica e já clássica The Greatest Show On Earth.



Toto – XIV: O Toto é uma das melhores bandas de AOR de todos os tempos (da primeira leva de AOR mesmo, o yatch rock) e é impressionante como não perdem a classe. Temos aqui um disco que é um clássico do início ao fim. Com a elegância típica de Steve Lukather comandando tudo. Running Out of Time, Burn, Holy War, 21th Century Blues, Orphan, Unknown Soldier... Argh! Uma melhor que a outra!



Black Star Riders – The Killer Instinct: Eu simplesmente amei este disco novo do Thin Lizzy. Os caras foram respeitosos com Phil Lynott ao não usar o nome Thin Lizzy, mas é o Thin Lizzy e pronto. É uma bela homenagem. Os caras respeitam o legado e sonoridade da banda e construíram novos clássicos: a faixa-título não sai do meu playlist desde que o disco saiu. E é uma paulada atrás da outra: Bullet Blues, Finest Hour, Sex, Guns & Gasoline até a excelente You Little Liar. Que delícia de disco.



Symphony X – Underworld: Mais um ótimo registro do Symphony X, considerada uma das maiores bandas de prog metal do mundo. Particularmente gosto muito dessa fase que está o SX nos últimos álbuns. Soa mais agressivo e cada vez mais bruto, sem deixar a técnica de lado em momento algum. São músicos fantásticos e canções como NevermoreTo Hell and Back e In My Darkest Hour já estão entre as melhores da carreira.


Unreal City – Il Paese Del Tramonto: Este foi um ano forte para o mundo progressivo em todos os seus subgêneros, e eis que um dos melhores trabalhos veio da Itália, terra fértil do gênero, com esse quarteto que foi capaz de criar belas melodias que fazem jus às grandes bandas históricas de progressivo daquele país. Quando ouvi Oniromanzia pela primeira vez uma alegria apareceu de súbito por estar ouvindo algo tão belo. Lindas passagens instrumentais, músicos fantásticos e criatividade em alta.



Blackberry Smoke – Holding All The Roses: Que maravilhoso é o Southern/country rock desses caras. Fique parado ao ouvir Let Me Help You, Holding All the Roses, Living in the Song ou Rock n’ Roll Again. Não dá. Esse disco é um presente para nós.



Riverside – Love, Fear and the Time Machine: Como já escrevi, foi um ano especial para o rock progressivo e aqui está mais um dos meus destaques no gênero. Os poloneses do Riverside souberam fazer um disco complexo de prog e acessível ao mesmo tempo. As canções são cheias de feeling e passagens inspiradoras. Definitivamente uma banda elegante... ouça Caterpillar and the Barbed Wire.



Periphery - Juggernaut: Alpha & Omega: os americanos do Periphery já estão na lista de bandas favoritas de todo fã de prog e djent; sua música mistura a técnica e peso absurdos de bandas como Meshuggah com melodias que costumamos ouvir de bandas do metal moderno americano. Neste álbum duplo a banda não deixa a bola cair em momento algum; o disco não soa cansativo depois de 17 faixas e é um verdadeiro petardo para quem gosta de músicos excelentes.




Saxon - Batterimg Ram: Originalmente eu havia colocado o disco do Venom para fechar a lista, mas 2015 foi um ano com muitos discos muito bons e as coisas ficavam mudando na minha cabeça o tempo todo. Escutei esse disco do Saxon novamente há alguns dias e não pude deixa-lo de fora. O Saxon é uma das bandas mais tradicionais do gênero heavy metal (tradicional na música e na história) e uma das mais ativas também; estão lançando discos em uma média de a cada 2 anos e sempre com muita qualidade. Riffs certeiros, vocal direto e belas melodias. A faixa-título é uma das que mais ouvi no ano.

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